sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

LITERATURA INFANTOJUVENIL (PARTE III)


Profa. Dra. Rosangela M. Mantolvani

É preciso lembrar sempre que os originais das fábulas de La Fontaine foram produzidos em versos. Portanto, as adaptações em prosa já representam profundas alterações na estrutura de organização dessas fábulas.
Seria muito difícil enumerar a quantidade de escritores que já adaptaram as fábulas de La Fontaine pelo mundo afora.

Entre os contemporâneos, é possível encontrar publicações de André Koogan Breitman; de Valerie Videau e Paul Beaupère; de Olga Cafalcchio, de Carlos Busquets, entre outros, cujas publicações continuam disponíveis em diferentes editoras.






Cafalcchio, Olga / MALTESE











A Cigarra e a Formiga - Col. La Fontaine Ontem e Hoje 


Sinopse
Em A Cigarra e a Formiga La Fontaine fala sobre a importância do trabalho, onde nem sempre é possível apenas divertir-se, é preciso também batalhar. Paul Beaupère, conta a história de Magali, a cigarra que sonhava em ser cantora, e passou todo o verão cantando. IN: www.livrariasaraiva.com.br




Além dos livros, ilustrados e adaptados a faixas etárias diferentes, as fábulas podem ser encontradas também em DVD, como desenhos animados, em tentativas bem sucedidas de associar as narrativas e sabedorias do passado com as tecnologias do presente.
Assim, nada mais importante do que a reflexão sobre a necessidade do trabalho e do acúmulo de excedentes, proposta no livro de fábula A cigarra e a formiga; e, ainda, a questão moralizante que coaduna com os valores capitalistas que  prenunciavam no momento em que La Fontaine publica seus textos, a ascensão da produção manufaturada, que impulsionou rapidamente a Revolução Industrial.




O Lobo e o Cordeiro e Outras Fábulas de La Fontaine - Mini DVD - DVD4
Distribuidora: Rexmore

Numa família de cordeiros, que raramente saía do pasto, havia um jovem cordeiro magricelo, de óculos fundo-de-garrafa, que dava muito trabalho para sua mãe. Se achando um animal muito esperto e querendo se tornar mais forte, ele vai em busca de respostas para suas dúvidas, até que desafia um lobo muito feroz e a situação fica bem complicada... [Leia+]
(IN: http:www.livrariasaraiva.com.br)


Em 1699, ou seja, quase no início do século XVIII., é publicado Suite du quatrième livre de l’Odyssée ou Les Aventures de Télémaque, fils d’Ulysse (As aventuras de Telêmaco, filho de Ulysses), por Fénelon, o bispo de Cambrai, que também era o preceptor do Duque de Bogonha.

Essa publicação imortalizou Fénelon, pois tratou-se de um livro de Literatura Infantil que conseguiu “instruir divertindo” (COUTINHO, 1971, p. 186).
A história do livro é baseada no livro IV da Odisséia, a epopéia de Homero. O enredo conta as aventuras do filho de Ulisses, herói do povo grego na Odisséia. Tendo seu retorno a Ítaca retardado pela força dos deuses, Ulisses é procurado por seu filho Telêmaco. Para orientá-lo, Telêmaco conta com Mentor, seu preceptor, que o orienta para que não caia em alguma cilada do destino. Mentor, na verdade, é o representante da sabedoria suprema da deusa Minerva.
No enredo, o protagonista Telêmaco não segue somente o roteiro traçado na Odisséia, mas em Fénelon, é levado ao Egito, a Chipre, a Creta, ao Ades e à ilha de Calipso, onde acontece a maioria de sua aventuras.
     As aventuras de Telêmaco, um tipo de literatura que não foi produzida especialmente para crianças, como é o caso de outras produções do tipo, terminou sendo uma das mais lidas e conhecidas obras pelos leitores juvenis, sendo, ainda hoje, publicada por certas editoras:


As aventuras de Telêmaco - Filho de Ulisses








Editora: Madras





LAS AVENTURAS DE TELÉMACO: COLECCIÓN DE
CLÁSICOS DE LA LITERATURA EUROPEA "CARRASCALEJO DE LA JARA"
Fornecedor: E-libro
Livro digital
FORMATO PDF







O sucesso do livro permitiu que fosse publicado na contemporaneidade como livro digital, uma aposta da editora, certa de que se trata de uma literatura que será sempre apreciada pelas próximas gerações.
As aventuras de Telêmaco revela a profundidade do amor e da dedicação filiais, uma vez que cabe ao filho estar atento para os destinos e caminhos percorridos pelos pais, se possível servindo-lhes de guardiães pela vida afora. Também a aprendizagem e amadurecimento do filho, que se encontra em fase de evolução.
        Charles Perrault publica em 1697 os Contos de ma mère l’Oye (Contos de minha mãe Gansa), nos quais apresenta um mundo novo, apesar de manifestarem na escrita histórias que já existiam na oralidade, ou seja, as oraturas ou oralituras. No entanto, seu esforço pelos efeitos da escrita o coloca em situação bastante diversa,como se pode ver em seu Prefácio aos Contes em vers (Contos em versos). Citado por Afrânio Coutinho, Perrault confirma que:


Por frívolas e bizarras que sejam todas essas fábulas em suas aventuras, é certo que excitam nos meninos do desejo de se parecem com os que vêem tornar-se felizes e, ao mesmo tempo, lhes infunde o temor das desgraças em que os  maus caíram pela própria maldade. Não é louvável que os Pais e Mães, quando seus filhos ainda não são capazes de aprender verdades sólidas e despidas de quaisquer ornatos, os façam amar e, se se pode dizer, engolir essas verdades, envolvendo-as com descrições agradáveis e adequadas à sua tenra idade? É incrível a avidez com que essas almas inocentes e cuja retidão natural não foi ainda corrompida recebem essas instruções ocultas; ficam tristes e abatidas quando o Herói ou Heroína do conto são infelizes e gritam de alegria quando lhe chega a felicidade, da mesma maneira que, depois de terem suportado a prosperidade dos  maus, se rejubilam quando recebem eles o castigo merecido. São sementes que se lançam e de começo só produzem movimentos de alegria e de tristeza, mas não deixam nunca de florescer em boas inclinações. (PERRAULT, Charles. Contes en vers. Paris, 1948, p. 24. Apud COUTINHO, A. 1971, p. 187)

        As palavras de Perrault em seu Prefácio deixam claras as intenções moralizantes e, ainda, certas doses de maniqueísmo explícitas na premiação do bem (os heróis e heroínas) e no castigo dos maus.
        Mas a construção dos contos, cuja produção se dirige ao público infantil, são valorizados pela visão de mundo dirigida ao um público infanto-juvenil, nas onze histórias populares reunidas por Charles Perrault nessa publicação, possuem um viés moralizante, sob um sentido que explica as relações e tem a função de mediar as relações dos homens em diferentes lugares do mundo, em diferentes momentos temporais.
        Os contos que integravam a coletânea denominada Contes de ma mère l’Oye (Contos de mamãe Gansa) são lidos e publicados em nossos dias, sendo muito difícil precisar a quantidade de releituras e adaptações pelas quais passaram:

Chapeuzinho Vermelho( Le Petit Chaperon rouge)
A Bela Adormecida (La Belle au bois dormant)
O Pequeno Polegar  (Le Petit Poucet)
Cinderela (Cendrillon ou la petite pantoufle de verre)
Barba Azul ("La Barbe-Bleue")
O Gato de Botas ("Le Maître Chat ou Le Chat Botté")
As Fadas ("Les Fées")
Henrique, o Topetudo ("Riquet à la Houppe")
Pele de Asno ("Peau d'Âne")
Os Desejos Ridículos
Grisélidis

        Editoras como a Girassol, a Iluminuras, a Martin Claret, a Scipione, a Companhia das Letrinhas, a Nacional, a Global, a Martins, a Rideel, a Colihue, a Norma, entre outras, disponibilizam livros de autoria de Charles Perrault, principalmente os títulos que aparecem nos Contos da Mamãe Gansa, agora separados e repletos de ilustrações coloridas, que fascinam os pequenos leitores.
        A editora Melhoramentos oferece uma edição digital do livro A gata borralheira, em formato PDF, investindo, assim, Perrault das novas tecnologias.



A Gata Borralheira





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