A FORMAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL NO BRASIL
Aqui, a Literatura Infantil só apareceria no século XX,
no momento em que, segundo Afrânio Coutinho, a “escola se tornou risonha e
franca...”.
Alberto de Figueiredo Pimentel foi o precursos dos
cronistas sociais e, em sua coluna “O Binóculo”, na Gazeta de Notícias, no Rio
de Janeiro, fez aparecer em 1894, o primeiro livro no gênero Literatura
Infantil. Trata-se de Os contos da Carochinha. Embora não usasse uma linguagem
tão interessante às crianças, obteve tiragens acima de cem mil exemplares.
Publicou ainda Histórias da Avózinha, Histórias da Baratinha, coleções de
contos de fadas e Teatro Infantil, além de Meus Brinquedos.
EXCERTO DE TEXTO – CONTO DO LIVRO HISTÓRIAS DA AVÓZINHA
O PATINHO ALEIJADO
Gansos,
patos, marrecos e outras aves da mesma espécie residiam em vasto cercado que o
dono da casa lhes dera por domínio. Viviam bem, satisfeitos da vida, contentes
com a sorte, porque nesse cercado havia uma pequena lagoa, onde, durante o dia,
iam se banhar, catando com o bico
bichinhos que apareciam à beira do lago, ou comendo peixinhos que podiam
apanhar, quando nadavam.
Em
certas épocas do ano, aves de países distantes vinham de passagem por aquelas
regiões; e estacionavam na lagoa, para descansar das grandes fadigas que
traziam, voando de um para outro lugar.
Era
lindo ver-se, então, aquela porção de aves aquáticas, nadando pela lagoa
soltando gritos de contentamento.
Ora,
uma vez, estava uma velha pata chocando alguns ovos que pusera, deitada num
ninho de folhas.
E
andava muito intrigada, meio desapontada, por causa de um ovo, um só ovo,
enorme, colossal, estranho, que, sem ela saber como, viera parar no meio dos
outros.
Supunha
ser de alguma das aves que por ali passavam, e que, inconscientemente, opusesse
em seu ninho, assim que ela começara a postura.
Estava
a velha pata no choco, havia já quase quatro semanas, e só faltavam quatro dias
para os patinhos saírem dos ovos, o que ela esperava com paciência, quando um belo dia, apareceu picado um primeiro ovo.
Foi
uma alegria em todo o bando, e as comadres vieram dar-lhe os parabéns.
Ela,
satisfeita, agradecia as visitas, dizendo que, dentro de dois dias, tencionava
levar os patinhos à lagoa, para aprenderem a nadar.
Dias
depois, saiu finalmente o último patinho. Só faltava o ovo grande, que, no
entanto, nem sinal dava de estar picado.
As
outras aconselhavam à velha pata que abandonasse o intruso. Aquele ovo,
evidentemente muito diverso dos outros, enorme, não era dela; e, assim cometia
uma tolice vivendo em cima dele, a chocá-lo. Patas houve que asseveraram poder
até ser de um bicho, um ovo tão grande;
e que esse bicho, crescendo, poderia comer todos os patos do bando.
Mas
a pata não ouviu tais conselhos. Disse que queria ver que ave sairia dali;
que aquilo era ovo de ave, se estava
vendo; e que enquanto não saísse, ela não abandonaria o ninho.
Sete
dias depois de sair o último patinho, a velha pata viu o ovo grande picado, e
apareceu um bicho, parecido com pato, é verdade, mas todo torto, escuro e
aleijado.
Depressa
a pata se arrependeu de ter chocado um bicho tão feio. Mas, como era boa, e não
querendo dar o braço a torcer, mostrando-se aborrecida de ter na sua ninhada um
pato desgracioso, repugnante, nada falou às comadres.
Na
manhã seguinte, bem cedo, disse para os filhos:
–
Vamos, meus patinhos, hoje é dia de sairmos do ninho; quero levá-los à lagoa e
apresentá-los às suas tias e a seu pai, o pato velho.
Quando
a pata apareceu, foi uma festa geral, e houve enorme al egria no
bando.
Todos
a felicitaram elogiando os patinhos.
Uma
pata, porém, mais indiscreta, reparou no patinho aleijado, e disse para as
companheiras: “Onde teria ela arranjado aquilo?”
–
Olha que bicho a nossa comadre chocou!
Desde
então, não cessaram as caçoadas, remoques, debiques, vaias por todo o plumitivo
bando, na mãe e no filho. E a coisa chegou a tal ponto que a pata, aborrecida,
desgostosa, começou a odiar o aleijado.
No
entanto, o infeliz palmípede vivia muito modestamente, sem fazer mal a ninguém,
sabendo nadar melhor que todos, mas sempre repelido.
O
tortinho não podia viver naquele bando, tantas eram as beliscadas que lhe
davam, tal era o inferno em que vivia.
Assim,
resolveu fugir; e, um belo dia, nadando pela lagoa afora, distraiu-se, a ponto
de quando chegou a noite, já estar do outro lado, à margem de um juncal muito
grande. Aí chegado, procurou um lugar onde passar a noite, e dormiu até pela
manhã.
No
outro dia achou que o local era bom, e viveu aí, satisfeito, sem ter mais
quem o ferisse. Uma vez, estando a
banhar-se na lagoa, viu dois pássaros, voando muito alto, tão alto, que quase
encostavam nas nuvens. O aleijadinho, ao vê-los, sentiu uma coisa dentro e si, e soltou um grito estrídulo, tão
forte, que se admirou de ter realizado um feito tão sublime, como aquele som
altíssimo que dera.
Passou
o resto do dia triste, pensando naquelas duas aves, que haviam passado tão
perto do céu, voando tão serenas. Pediu a Deus que lhe desse forças para fazer
o mesmo que aquelas lindas aves.
E
a sua existência deslizava-se tristíssima, sem prazeres de espécie alguma,
solitária, enfadonha, aborrecida, monótona, quando, uma madrugada, cedo, o
silêncio do juncal foi quebrado por inúmeros latidos de cães e tiros de
espingardas. Eram caçadores que tinham vindo em busca de aves aquáticas.
Assim
que o patinho viu aquela porção de gente a matar pássaros, e cachorros
perseguindo diversas aves, escondeu-se muito triste em uma capoeira, fechou os
olhos e esperou a morte.
Os
caçadores levaram todo o dia a atirar; e, à noite, depois e se retirarem, o
patinho fugiu daquela lagoa, pensando que
no dia seguinte podiam voltar e talvez ele não escapulisse.
Foi
andando pelo mato, até que encontrou uma casinha, onde morava uma velha, em
companhia de um gato e de uma galinha.
A
velhinha, ao ver o novo hóspede, começou a tratá-lo muito bem, imaginando que
era uma pata, a qual, do mesmo modo que a galinha, lhe daria ovos, frescos e
excelentes, para o seu sustento.
O
patinho vivia contente pelo bom trato que recebia da velha, apesar da má
vontade que lhe mostravam o gato e a galinha.
Passados
dois meses, a velha viu que o pato era macho, e por isso perdeu a esperança dos
ovos.
Começou
então a maltratar o bichinho que, vendo-se perseguido pelos dois companheiros,
o gato e a galinha, começou a maldizer de sua sorte.
Dizia
o gato:
–
Sabes caçar ratos? Se não sabes, vai-te embora, pois não tens serventia.
– Sabes pôr ovos? perguntava a galinha. Então
vai-te embora, pois não tens serventia.
E
o patinho, vendo-se assim injuriado diariamente, uma bela manhã desapareceu da
casa da velha.
Pensando
na sua vida amargurada, seguia caminho em fora, quando viu de novo dois
pássaros que voavam muito longe, bem alto.
Reconheceu
naquelas aves as mesmas que, uma vez, haviam passado por ele, na lagoa, e soltou segundo grito.
Ficou
admirado de tê-lo dado tão alto, e quase morreu de contentamento quando ouviu
os dois pássaros responderem ao seu chamado.
Eles
voavam, porém, alto, muito alto, e não mais responderam.
O patinho
foi muito triste, nadando sempre, até que parou no lagozinho de um jardim de
casa rica. O pobrezinho, desde que saíra da lagoa, com medo dos caçadores nunca
mais vira água onde pudesse banhar-se.
Entrou
na água, e começou a dar gritinhos de contentamento.
Nisso
apareceram dois grandes patos, brancos, tão brancos como a neve, nadando em
direção a ele, com as asas levantadas fazendo de velas.
O
patinho aleijado, vendo dois patos tão bonitos dirigindo-se para ele,
envergonhou-se
e baixou o pescoço, para se esconder. Nisso viu que a sua imagem, reproduzida
na água, era semelhante à dos patos brancos.
Uma
criança, que ouvira os gritos do patinho ao entrar no tanque, veio ver que
pássaro assim gritava, e exclamou:
–
Que lindo cisne! meu pai, venha ver. É mais bonito que os nossos, que existem
no lago; como é formoso!
E
pôs-se a dar-lhe migalhas de pão.
O
patinho aleijado, que ouviu chamarem-no de cisne, e de bonito, ficou
maravilhado de tanta felicidade, e começou a nadar garbosamente, à semelhança
dos outros, com as asas levantadas, parecendo as velas enfunadas de uma
embarcação.
Mais tarde explicou-se o caso.O ex-patinho devia ser filho de algum cisne,
que, passando por acaso pela morada dos patos, pusera um ovo no ninho da velha
pata. O aleijado, agora transformado em magnífico, lindo cisne, ainda viveu
muito feliz em companhia de seus dois irmãos, os cisnes do lago
Consultar outros textos de FIGUEIREDO PIMENTEL –
Histórias da Avózinha em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000137.pdf
História da Dona Baratinha
D. BARATINHA
Dona Baratinha era muito trabalhadeira, gostava de manter sua
casinha sempre limpa, arrumada e com flores nas janelas.
Um dia varrendo o sótão, encontrou três moedas de ouro. Naquele
tempo, esta quantia valia muito e Dona Baratinha ficou muito feliz.
Com este dinheiro, poderia reformar a casa e comprar roupas
novas. O resto do dinheiro guardou dentro de uma caixinha. Agora que estava
rica e elegante, com a casa reformada e um bonito enxoval achou que estava na
hora de se casar. Então, a tardinha, vestiu uma roupa bem bonita, fez um belo
penteado e foi para a janela esperar os pretendentes.
O primeiro a aparecer foi o cavalo, o jovem mais fino da cidade.
O cavalo achou Dona Baratinha muito graciosa. Dona baratinha então perguntou:
- Quer casar com Dona Baratinha tão bonitinha e com dinheiro na
caixinha?
- Sim! Disse o cavalo.
Mas Dona Baratinha tinha um sono muito leve e queria saber se o
cavalo roncava alto.
Como é que você faz de noite? Perguntou Dona Baratinha.
O cavalo relinchou tão forte que Dona Baratinha o recusou.
Depois dele veio o boi, o galo, o cachorro, o burro e etc.
Infelizmente todos eram muito barulhentos e não iam deixar D.
Baratinha dormir.
Já estava desistindo, quando apareceu D. Ratão muito elegante e
charmoso.
Ela então resolveu tentar mais uma vez. Felizmente, D. Ratão
tinha uma voz suave e a noite seu ronco era fraquinho: Qui, Qui, Qui...
Dona Baratinha ficou muito satisfeita com o pretendente e
ficaram noivos.Começaram os preparativos para o casamento.
Dona Baratinha, toda agitada, preparava um delicioso banquete
para a festa do casamento e D. Ratão ajudava nos convites. Porém D. Ratão era
muito guloso e pediu a noiva que fizesse para a festa seu prato favorito,
feijão com toucinho.
O feijão com toucinho que Dona Baratinha preparava estava muito
cheiroso e D. Ratão ia toda hora à cozinha tentar provar um pouquinho , mas
sempre tinha alguém por perto. T
udo já estava pronto: banquete, igreja e
os convidados chegando.
Dona Baratinha e D. Ratão muito elegantes e felizes estavam a
caminho da Igreja, porém o noivo só pensava na feijoada. Então disse para Dona
Baratinha que tinha esquecido as alianças em casa, e que assim que as pegasse a
encontraria na igreja.
D. Ratão voltou para casa e correu até a cozinha para comer um
pouco do toucinho.
Mas na afobação, escorregou e caiu dentro da panela do feijão
morrendo afogado. Dona Baratinha, ansiosa, esperava na igreja o noivo que não
retornava.
Horas mais tarde, muito triste Dona Baratinha e alguns
convidados decidiram voltar para casa e comer o banquete. Logo descobriram o
fim trágico do seu noivo e todos lamentaram muito.
A pobre Dona Baratinha chorou a noite inteira e desde aquele dia
nunca mais preparou feijão com toucinho!
Entre as coleções infantis, destaca-se a Icks, da professora Alexina de Magalhães
Pinto, editada em Lisboa, que divulgava o folclore entre as crianças.
No Brasil, a
circulação de traduções de todos esses que já vimos nas páginas anteriores e
que nos acompanham desde que éramos crianças e jovens, é corrente, uma vez que
não há quantidades consideráveis de produções nacionais. O professor Arnaldo de
Oliveira Barreto criou a Biblioteca Infantil, editada por Weisflog e&
Irmãos (COUTINHO, 1971, p. 190), organizando uma coleção composta por
livrinhos, resultados de adaptações de histórias escritas por Grimm, Swift,
Perrault e Andersen, entre outros já destacados.
Um dos nossos primeiros livros infantis é Poesias
Infantis, de Olavo Bilac, o qual deu à nossa juventude encanto artístico e
proveito educacional, além de um civismo mais que necessário ao momento
histórico.
Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste
Criança, não verás nenhum país como este, (...)
Além de
Olavo Bilac, outros escritores dedicaram-se à produção de textos infantis, pois
não havia, decididamente, entre eles um grande pendor pela poesia infantil,
salvo raras exceções. Assim, pode-se destacar:
Poesia infanto-juvenil:
Olegário Mariano – Tangará
Conta Histórias
Guilherme de Almeida – O sonho de Marina; e algumas adaptações
Murilo de Araújo – A
Estrela Azul
E algumas poesias de autores como:
Manuel Bandeira –
Cecília Meireles –
Carlos Drummond de Andrade –
A poesia brasileira infantil normalmente se limita a
contar histórias, como acontece nos livros de uma série de escritores. Segundo
Afrânio Coutinho, até a década de 70,
“a poesia infantil brasileira [era] demsiadamente pobre e
de interesse secundário, exceção dos pontos altos acima indicados. (...) mesmo
grandes poetas preferem a prosa, como foi o caso de Jorge de Lima, se têm de
falar às crianças.” (COUTINHO, 1971, p. 190)
Na contemporaneidade,
uma gama de autores têm produzido poemas no gênero infanto-juvenil, como se
pode observar pela lista das editoras e livrarias mais famosas:
Adicionar legenda |
111 Poemas Para
Crianças
Coleção: INFANTIL ILUSTRADA
Autor: CAPPARELLI, SERGIO
Ilustrador: GRUSZYNSKI, ANA CLAUDIA
Editora: L&PM EDITORES
Assunto: INFANTOJUVENIS - POESIA
Conceito do Leitor: Seja o primeiro a opinar
Autor: PIMENTEL, LUIS
Editora: GLOBAL EDITORA
Assunto: INFANTOJUVENIS - POESIA
Autor: QUINTANA, MARIO
Ilustrador: ROSINHA
Editora: GLOBO
Assunto: INFANTOJUVENIS - POESIA
Autor: PIMENTEL, LUIS
Editora: GLOBAL EDITORA
Assunto: INFANTOJUVENIS - POESIA
Batalhao Das
Letras, O
Poesia
Conceito do Leitor: Seja o primeiro a
opinarAutor: QUINTANA, MARIO
Ilustrador: ROSINHA
Editora: GLOBO
Assunto: INFANTOJUVENIS - POESIA
Manuel
Bandeira
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho
é natural do Recife, onde nasceu no dia 19 de abril de 1886. Foi um grande
poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor
brasileiro. Escreveu alguns poemas que também encantam as crianças. Faleceu no
Rio de Janeiro.
Belo Belo E Outros Poemas
Conceito do Leitor: Seja o primeiro a opinar
Autor: BANDEIRA, MANUEL
Ilustrador: ALBINI, EDUARDO
Editora: JOSE OLYMPIO
Assunto: INFANTO-JUVENIS - POESIA
Autor: BANDEIRA, MANUEL
Ilustrador: ALBINI, EDUARDO
Editora: JOSE OLYMPIO
Assunto: INFANTO-JUVENIS - POESIA
BELO BELO
BANDEIRA, Manuel.
BANDEIRA, Manuel.
Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.
A ESTRELA
Manuel Bandeira
Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?
E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.
Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.
Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?
E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.
CECÍLIA MEIRELES
Nascida no Rio de Janeiro, Cecília Benevides de Carvalho Meireles publicou inúmeros livros de poemas, afirmando-se como uma de nossas mais importantes poetisas. Em sua época, destacou-se como pintora, professora e
jornalista. Integra o cânone oficial da literatura brasileira e, neste âmbito consolidou-se como um dos nomes mais
importantes, deixando uma importante contribuição à poesia infanto-juvenil.
As meninas
Arabela
abria a janela.
Carolina
erguia a cortina.
E Maria
olhava e sorria:
“Bom dia!”
Arabela
foi sempre a mais
bela.
Carolina;
a mais sábia menina.
E Maria
apenas sorria:
“Bom dia!”
Pensaremos em cada
menina
que vivia naquela
janela;
uma que se chamava
Arabela,
outra que se chamou
Carolina.
Mas a nossa profunda
saudade
é Maria, Maria, Maria,
que dizia com voz de
amizade:
O Menino Azul - Col. Magias Infantis
Autor: Meireles, Cecilia
Editora: Global
Antologia de Poesia Brasileira para
Criança
Editora: Girassol
Este livro de valor
inestimável apresenta preciosidades cuidadosamente selecionadas da obra de
alguns dos maiores poetas brasileiros, que vão proporcionar momentos
inesquecíveis de encanto e fantasia para toda a família.
A Festa das Letras
Autor: Meireles, Cecilia
Editora: Nova Fronteira
OU ISTO OU AQUILO
Autor: Meireles, Cecilia
Editora: Nova Fronteira
´Ou Isto ou Aquilo´ é
um livro de poemas de Cecília Meireles que brinca com as palavras e encanta as
crianças com sua sensibilidade, impressões e cores. É considerado um dos mais
belos e importantes livros de poemas para crianças.
A LÍNGUA DO NHEM
(MEIRELES, C. Ou isto ou
aquilo.)
Havia uma velhinha
que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém.
.
E estava sempre em casa
a boa velhinha
resmungando sozinha:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.
O gato que dormia
no canto da cozinha
escutando a velhinha,
principiou também
.
a miar nessa língua
e se ela resmungava,
o gatinho a acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.
Depois veio o cachorro
da casa da vizinha,
pato, cabra e galinha
de cá, de lá, de além,
.
e todos aprenderam
a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.
De modo que a velhinha
que muito padecia
por não ter companhia
nem falar com ninguém,
.
ficou toda contente,
pois mal a boca abria
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém.
.
E estava sempre em casa
a boa velhinha
resmungando sozinha:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
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O gato que dormia
no canto da cozinha
escutando a velhinha,
principiou também
.
a miar nessa língua
e se ela resmungava,
o gatinho a acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.
Depois veio o cachorro
da casa da vizinha,
pato, cabra e galinha
de cá, de lá, de além,
.
e todos aprenderam
a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.
De modo que a velhinha
que muito padecia
por não ter companhia
nem falar com ninguém,
.
ficou toda contente,
pois mal a boca abria
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
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CONTINUA EM
LITERATURA INFANTIL E JUVENIL VI
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