quarta-feira, 9 de novembro de 2016

LITERATURA INFANTIL E JUVENIL V -- A FORMAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL NO BRASIL

A FORMAÇÃO DA LITERATURA INFANTIL NO BRASIL
Aqui, a Literatura Infantil só apareceria no século XX, no momento em que, segundo Afrânio Coutinho, a “escola se tornou risonha e franca...”.
Alberto de Figueiredo Pimentel foi o precursos dos cronistas sociais e, em sua coluna “O Binóculo”, na Gazeta de Notícias, no Rio de Janeiro, fez aparecer em 1894, o primeiro livro no gênero Literatura Infantil. Trata-se de Os contos da Carochinha. Embora não usasse uma linguagem tão interessante às crianças, obteve tiragens acima de cem mil exemplares. Publicou ainda Histórias da Avózinha, Histórias da Baratinha, coleções de contos de fadas e Teatro Infantil, além de Meus Brinquedos.

EXCERTO DE TEXTO – CONTO DO LIVRO HISTÓRIAS DA AVÓZINHA

O PATINHO ALEIJADO
Gansos, patos, marrecos e outras aves da mesma espécie residiam em vasto cercado que o dono da casa lhes dera por domínio. Viviam bem, satisfeitos da vida, contentes com a sorte, porque nesse cercado havia uma pequena lagoa, onde, durante o dia, iam  se banhar, catando com o bico bichinhos que apareciam à beira do lago, ou comendo peixinhos que podiam apanhar, quando nadavam.
Em certas épocas do ano, aves de países distantes vinham de passagem por aquelas regiões; e estacionavam na lagoa, para descansar das grandes fadigas que traziam, voando de um para outro lugar.
Era lindo ver-se, então, aquela porção de aves aquáticas, nadando pela lagoa soltando gritos de contentamento.
Ora, uma vez, estava uma velha pata chocando alguns ovos que pusera, deitada num ninho de folhas.
E andava muito intrigada, meio desapontada, por causa de um ovo, um só ovo, enorme, colossal, estranho, que, sem ela saber como, viera parar no meio dos outros.
Supunha ser de alguma das aves que por ali passavam, e que, inconscientemente, opusesse em seu ninho, assim que ela começara a postura.
Estava a velha pata no choco, havia já quase quatro semanas, e só faltavam quatro dias para os patinhos saírem dos ovos, o que ela esperava com paciência, quando  um belo dia, apareceu picado um primeiro ovo.
Foi uma alegria em todo o bando, e as comadres vieram dar-lhe os parabéns.
Ela, satisfeita, agradecia as visitas, dizendo que, dentro de dois dias, tencionava levar os patinhos à lagoa, para aprenderem a nadar.
Dias depois, saiu finalmente o último patinho. Só faltava o ovo grande, que, no entanto, nem sinal dava de estar picado.
As outras aconselhavam à velha pata que abandonasse o intruso. Aquele ovo, evidentemente muito diverso dos outros, enorme, não era dela; e, assim cometia uma tolice vivendo em cima dele, a chocá-lo. Patas houve que asseveraram poder até ser de  um bicho, um ovo tão grande; e que esse bicho, crescendo, poderia comer todos os patos do bando.
Mas a pata não ouviu tais conselhos. Disse que queria ver que ave sairia dali; que  aquilo era ovo de ave, se estava vendo; e que enquanto não saísse, ela não abandonaria o ninho.
Sete dias depois de sair o último patinho, a velha pata viu o ovo grande picado, e apareceu um bicho, parecido com pato, é verdade, mas todo torto, escuro e aleijado.
Depressa a pata se arrependeu de ter chocado um bicho tão feio. Mas, como era boa, e não querendo dar o braço a torcer, mostrando-se aborrecida de ter na sua ninhada um pato desgracioso, repugnante, nada falou às comadres.
Na manhã seguinte, bem cedo, disse para os filhos:
– Vamos, meus patinhos, hoje é dia de sairmos do ninho; quero levá-los à lagoa e apresentá-los às suas tias e a seu pai, o pato velho.
Quando a pata apareceu, foi uma festa geral, e houve enorme al egria no bando.
Todos a felicitaram elogiando os patinhos.
Uma pata, porém, mais indiscreta, reparou no patinho aleijado, e disse para as companheiras: “Onde teria ela arranjado aquilo?”
– Olha que bicho a nossa comadre chocou!
Desde então, não cessaram as caçoadas, remoques, debiques, vaias por todo o plumitivo bando, na mãe e no filho. E a coisa chegou a tal ponto que a pata, aborrecida, desgostosa, começou a odiar o aleijado.
No entanto, o infeliz palmípede vivia muito modestamente, sem fazer mal a ninguém, sabendo nadar melhor que todos, mas sempre repelido.
O tortinho não podia viver naquele bando, tantas eram as beliscadas que lhe davam, tal era o inferno em que vivia.
Assim, resolveu fugir; e, um belo dia, nadando pela lagoa afora, distraiu-se, a ponto de quando chegou a noite, já estar do outro lado, à margem de um juncal muito grande. Aí chegado, procurou um lugar onde passar a noite, e dormiu até pela manhã.
No outro dia achou que o local era bom, e viveu aí, satisfeito, sem ter mais quem  o ferisse. Uma vez, estando a banhar-se na lagoa, viu dois pássaros, voando muito alto, tão alto, que quase encostavam nas nuvens. O aleijadinho, ao vê-los, sentiu uma coisa  dentro e si, e soltou um grito estrídulo, tão forte, que se admirou de ter realizado um feito tão sublime, como aquele som altíssimo que dera.
Passou o resto do dia triste, pensando naquelas duas aves, que haviam passado tão perto do céu, voando tão serenas. Pediu a Deus que lhe desse forças para fazer o mesmo que aquelas lindas aves.
E a sua existência deslizava-se tristíssima, sem prazeres de espécie alguma, solitária, enfadonha, aborrecida, monótona, quando, uma madrugada, cedo, o silêncio do juncal foi quebrado por inúmeros latidos de cães e tiros de espingardas. Eram caçadores que tinham vindo em busca de aves aquáticas.
Assim que o patinho viu aquela porção de gente a matar pássaros, e cachorros perseguindo diversas aves, escondeu-se muito triste em uma capoeira, fechou os olhos e esperou a morte.
Os caçadores levaram todo o dia a atirar; e, à noite, depois e se retirarem, o patinho fugiu daquela lagoa, pensando que  no dia seguinte podiam voltar e talvez ele não escapulisse.
Foi andando pelo mato, até que encontrou uma casinha, onde morava uma velha, em companhia de um gato e de uma galinha.
A velhinha, ao ver o novo hóspede, começou a tratá-lo muito bem, imaginando que era uma pata, a qual, do mesmo modo que a galinha, lhe daria ovos, frescos e excelentes, para o seu sustento.
O patinho vivia contente pelo bom trato que recebia da velha, apesar da má vontade que lhe mostravam o gato e a galinha.
Passados dois meses, a velha viu que o pato era macho, e por isso perdeu a esperança dos ovos.
Começou então a maltratar o bichinho que, vendo-se perseguido pelos dois companheiros, o gato e a galinha, começou a maldizer de sua sorte.
Dizia o gato:
– Sabes caçar ratos? Se não sabes, vai-te embora, pois não tens serventia.
 – Sabes pôr ovos? perguntava a galinha. Então vai-te embora, pois não tens serventia.
E o patinho, vendo-se assim injuriado diariamente, uma bela manhã desapareceu da casa da velha.
Pensando na sua vida amargurada, seguia caminho em fora, quando viu de novo dois pássaros que voavam muito longe, bem alto.
Reconheceu naquelas aves as mesmas que, uma vez, haviam passado por ele, na  lagoa, e soltou segundo grito.
Ficou admirado de tê-lo dado tão alto, e quase morreu de contentamento quando ouviu os dois pássaros responderem ao seu chamado.
Eles voavam, porém, alto, muito alto, e não mais responderam.
O patinho foi muito triste, nadando sempre, até que parou no lagozinho de um jardim de casa rica. O pobrezinho, desde que saíra da lagoa, com medo dos caçadores nunca mais vira água onde pudesse banhar-se.
Entrou na água, e começou a dar gritinhos de contentamento.
Nisso apareceram dois grandes patos, brancos, tão brancos como a neve, nadando em direção a ele, com as asas levantadas fazendo de velas.
O patinho aleijado, vendo dois patos tão bonitos dirigindo-se para ele,
envergonhou-se e baixou o pescoço, para se esconder. Nisso viu que a sua imagem, reproduzida na água, era semelhante à dos patos brancos.
Uma criança, que ouvira os gritos do patinho ao entrar no tanque, veio ver que pássaro assim gritava, e exclamou:
– Que lindo cisne! meu pai, venha ver. É mais bonito que os nossos, que existem no lago; como é formoso!
E pôs-se a dar-lhe migalhas de pão.
O patinho aleijado, que ouviu chamarem-no de cisne, e de bonito, ficou maravilhado de tanta felicidade, e começou a nadar garbosamente, à semelhança dos outros, com as asas levantadas, parecendo as velas enfunadas de uma embarcação.

Mais tarde explicou-se o caso.O ex-patinho devia ser filho de algum cisne, que, passando por acaso pela morada dos patos, pusera um ovo no ninho da velha pata. O aleijado, agora transformado em magnífico, lindo cisne, ainda viveu muito feliz em companhia de seus dois irmãos, os cisnes do lago                                          

Consultar outros textos de FIGUEIREDO PIMENTEL – Histórias da Avózinha em http://www.dominiopublico.gov.br/download/texto/bn000137.pdf

História da Dona Baratinha


                                           D. BARATINHA


Dona Baratinha era muito trabalhadeira, gostava de manter sua casinha sempre limpa, arrumada e com flores nas janelas.
Um dia varrendo o sótão, encontrou três moedas de ouro. Naquele tempo, esta quantia valia muito e Dona Baratinha ficou muito feliz. 
Com este dinheiro, poderia reformar a casa e comprar roupas novas. O resto do dinheiro guardou dentro de uma caixinha. Agora que estava rica e elegante, com a casa reformada e um bonito enxoval achou que estava na hora de se casar. Então, a tardinha, vestiu uma roupa bem bonita, fez um belo penteado e foi para a janela esperar os pretendentes. 
O primeiro a aparecer foi o cavalo, o jovem mais fino da cidade. O cavalo achou Dona Baratinha muito graciosa. Dona baratinha então perguntou:
- Quer casar com Dona Baratinha tão bonitinha e com dinheiro na caixinha?
- Sim! Disse o cavalo. 
Mas Dona Baratinha tinha um sono muito leve e queria saber se o cavalo roncava alto. 
Como é que você faz de noite? Perguntou Dona Baratinha. 
O cavalo relinchou tão forte que Dona Baratinha o recusou.
Depois dele veio o boi, o galo, o cachorro, o burro e etc.
Infelizmente todos eram muito barulhentos e não iam deixar D. Baratinha dormir.
Já estava desistindo, quando apareceu D. Ratão muito elegante e charmoso.
Ela então resolveu tentar mais uma vez. Felizmente, D. Ratão tinha uma voz suave e a noite seu ronco era fraquinho: Qui, Qui, Qui... 
Dona Baratinha ficou muito satisfeita com o pretendente e ficaram noivos.Começaram os preparativos para o casamento.
Dona Baratinha, toda agitada, preparava um delicioso banquete para a festa do casamento e D. Ratão ajudava nos convites. Porém D. Ratão era muito guloso e pediu a noiva que fizesse para a festa seu prato favorito, feijão com toucinho. 
O feijão com toucinho que Dona Baratinha preparava estava muito cheiroso e D. Ratão ia toda hora à cozinha tentar provar um pouquinho , mas sempre tinha alguém por perto.  T udo já estava pronto:  banquete, igreja e os convidados chegando.
Dona Baratinha e D. Ratão muito elegantes e felizes estavam a caminho da Igreja, porém o noivo só pensava na feijoada. Então disse para Dona Baratinha que tinha esquecido as alianças em casa, e que assim que as pegasse a encontraria na igreja.
D. Ratão voltou para casa e correu até a cozinha para comer um pouco do toucinho. 
Mas na afobação, escorregou e caiu dentro da panela do feijão morrendo afogado. Dona Baratinha, ansiosa, esperava na igreja o noivo que não retornava.
Horas mais tarde, muito triste Dona Baratinha e alguns convidados decidiram voltar para casa e comer o banquete. Logo descobriram o fim trágico do seu noivo e todos lamentaram muito.
A pobre Dona Baratinha chorou a noite inteira e desde aquele dia nunca mais preparou feijão com toucinho!

Entre as coleções infantis, destaca-se a Icks, da professora Alexina de Magalhães Pinto, editada em Lisboa, que divulgava o folclore entre as crianças.
No Brasil, a circulação de traduções de todos esses que já vimos nas páginas anteriores e que nos acompanham desde que éramos crianças e jovens, é corrente, uma vez que não há quantidades consideráveis de produções nacionais. O professor Arnaldo de Oliveira Barreto criou a Biblioteca Infantil, editada por Weisflog e& Irmãos (COUTINHO, 1971, p. 190), organizando uma coleção composta por livrinhos, resultados de adaptações de histórias escritas por Grimm, Swift, Perrault e Andersen, entre outros já destacados.
Um dos nossos primeiros livros infantis é Poesias Infantis, de Olavo Bilac, o qual deu à nossa juventude encanto artístico e proveito educacional, além de um civismo mais que necessário ao momento histórico.

Ama com fé e orgulho a terra em que nasceste
Criança, não verás nenhum país como este, (...)

        Além de Olavo Bilac, outros escritores dedicaram-se à produção de textos infantis, pois não havia, decididamente, entre eles um grande pendor pela poesia infantil, salvo raras exceções. Assim, pode-se destacar:

Poesia infanto-juvenil:
Olegário Mariano – Tangará Conta Histórias
Guilherme de Almeida – O sonho de Marina; e algumas adaptações
Murilo de Araújo – A Estrela Azul

E algumas poesias de autores como:
Manuel Bandeira –
Cecília Meireles –

Carlos Drummond de Andrade –



A poesia brasileira infantil normalmente se limita a contar histórias, como acontece nos livros de uma série de escritores. Segundo Afrânio Coutinho, até a década de 70,
“a poesia infantil brasileira [era] demsiadamente pobre e de interesse secundário, exceção dos pontos altos acima indicados. (...) mesmo grandes poetas preferem a prosa, como foi o caso de Jorge de Lima, se têm de falar às crianças.” (COUTINHO, 1971, p. 190)

  Na contemporaneidade, uma gama de autores têm produzido poemas no gênero infanto-juvenil, como se pode observar pela lista das editoras e livrarias mais famosas:

Adicionar legenda


  111 Poemas Para Crianças

  Coleção:
INFANTIL ILUSTRADA
  Autor:
CAPPARELLI, SERGIO
  Ilustrador:
GRUSZYNSKI, ANA CLAUDIA
  Editora:
L&PM EDITORES
  Assunto:
INFANTOJUVENIS - POESIA








  2 Dedos De Poesia
   Conceito do Leitor:  Seja o primeiro a opinar
   Autor:
PIMENTEL, LUIS
   Editora:
GLOBAL EDITORA
   Assunto:
INFANTOJUVENIS - POESIA



















Batalhao Das Letras, O
Poesia
Conceito do Leitor:  Seja o primeiro a opinar
Autor:
QUINTANA, MARIO
Ilustrador:
ROSINHA
Editora:
GLOBO
Assunto:
INFANTOJUVENIS - POESIA





Manuel Bandeira
Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho é natural do Recife, onde nasceu no dia 19 de abril de 1886. Foi um grande poeta, crítico literário e de arte, professor de literatura e tradutor brasileiro. Escreveu alguns poemas que também encantam as crianças. Faleceu no Rio de Janeiro.


Belo Belo E Outros Poemas


Conceito do Leitor:  Seja o primeiro a opinar
Autor:
BANDEIRA, MANUEL
Ilustrador:
ALBINI, EDUARDO
Editora:
JOSE OLYMPIO
Assunto:
INFANTO-JUVENIS - POESIA





BELO BELO
BANDEIRA, Manuel.

Belo belo minha bela
Tenho tudo que não quero
Não tenho nada que quero
Não quero óculos nem tosse
Nem obrigação de voto
Quero quero
Quero a solidão dos píncaros
A água da fonte escondida
A rosa que floresceu
Sobre a escarpa inacessível
A luz da primeira estrela
Piscando no lusco-fusco
Quero quero
Quero dar a volta ao mundo
Só num navio de vela
Quero rever Pernambuco
Quero ver Bagdá e Cusco
Quero quero
Quero o moreno de Estela
Quero a brancura de Elisa
Quero a saliva de Bela
Quero as sardas de Adalgisa
Quero quero tanta coisa
Belo belo
Mas basta de lero-lero
Vida noves fora zero.
A ESTRELA

Manuel Bandeira

Vi uma estrela tão alta,
Vi uma estrela tão fria!
Vi uma estrela luzindo
Na minha vida vazia.

Era uma estrela tão alta!
Era uma estrela tão fria!
Era uma estrela sozinha
Luzindo no fim do dia.

Por que da sua distância
Para a minha companhia
Não baixava aquela estrela?
Por que tão alto luzia?

E ouvi-a na sombra funda
Responder que assim fazia
Para dar uma esperança
Mais triste ao fim do meu dia.


CECÍLIA MEIRELES

         Nascida no Rio de Janeiro, Cecília Benevides de Carvalho Meireles publicou inúmeros livros de poemas, afirmando-se como uma de nossas mais importantes poetisas. Em sua época, destacou-se como pintora, professora e jornalista. Integra o cânone oficial da literatura brasileira e, neste âmbito consolidou-se como um dos nomes mais importantes, deixando uma importante contribuição à poesia infanto-juvenil.



As meninas

Arabela
abria a janela.
Carolina
erguia a cortina.
E Maria
olhava e sorria:
“Bom dia!”
Arabela
foi sempre a mais bela.
Carolina;
a mais sábia menina.
E Maria
apenas sorria:
“Bom dia!”
Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;
uma que se chamava Arabela,
outra que se chamou Carolina.
Mas a nossa profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,
que dizia com voz de amizade:


“Bom dia!”







O Menino Azul - Col. Magias Infantis
Editora: Global
















Antologia de Poesia Brasileira para Criança
Editora: Girassol

Este livro de valor inestimável apresenta preciosidades cuidadosamente selecionadas da obra de alguns dos maiores poetas brasileiros, que vão proporcionar momentos inesquecíveis de encanto e fantasia para toda a família.










A Festa das Letras
Editora: Nova Fronteira






OU ISTO OU AQUILO

Editora: Nova Fronteira
´Ou Isto ou Aquilo´ é um livro de poemas de Cecília Meireles que brinca com as palavras e encanta as crianças com sua sensibilidade, impressões e cores. É considerado um dos mais belos e importantes livros de poemas para crianças.





A LÍNGUA DO NHEM
(MEIRELES, C. Ou isto ou aquilo.)

Havia uma velhinha
que andava aborrecida
pois dava a sua vida
para falar com alguém.
.
E estava sempre em casa

a boa velhinha
resmungando sozinha:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.
O gato que dormia

no canto da cozinha
escutando a velhinha,
principiou também
.
a miar nessa língua

e se ela resmungava,
o gatinho a acompanhava:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.
Depois veio o cachorro

da casa da vizinha,
pato, cabra e galinha
de cá, de lá, de além,
.
e todos aprenderam

a falar noite e dia
naquela melodia
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...
.
De modo que a velhinha
que muito padecia
por não ter companhia
nem falar com ninguém,
.
ficou toda contente,

pois mal a boca abria
tudo lhe respondia:
nhem-nhem-nhem-nhem-nhem-nhem...



.



CONTINUA EM

LITERATURA INFANTIL E JUVENIL VI






Nenhum comentário: